Vencendo a solidão e depressão de uma viuvez.

Ela se encontrava em uma fadonha negação ao mundo, se sentia presa a um passado de dores sem causa diagnosticada, mas que prendia seu peito e outras características internas que a fazia naufragarem numa insônia noturna que se confrontava com sonolências excessivas diurnas. Os desânimos e desinteresse somavam-se a apatia e irritabilidade constante. As explosões eram seguidas de inquietação contínua gerando ansiedade. Às vezes sentia medo inespecífico, embora que tenha passado à vida inteira com escudo de força a impedindo de experimentar tal sentimento.

Sempre fora independente e boa de cálculos, repleta de conhecimentos que a fazia ser uma serva do Senhor assídua e compromissada. Mas ela se deparou com um estado inesperado, a viuvez. Este estado civil que por mais que saibamos, nunca estamos preparados para vivê-lo.

Quando chegou a viuvez junto iniciou sentimentos como perda da memória e concentração para tomar decisões e esta por sua vez se embaralhavam. Transtornos causados por zumbidos, tontura, palpitações, falta de ar, bolo na garganta, tristeza, angústia e pessimismo. Prazer já não existia mais. Na mente dela só existia pensamentos de auto desvalorização, morte e sentimentos de culpa.

Um belo dia de reunião em família, sua filha Joana D’Arc a fez lembrar dos quadrinhos de Jesus onde usou de muita sabedoria, para incentivá-la no seu potencial em fazer costura, crochê e tricô. Trouxe a sua memória todos os anos de VOZ MISSIONÁRIA em que a 41 é assinante e de todo o seu trabalho de ação social na sociedade de mulheres metodista em Nova Iguaçu /RJ. Toda essa volta ao passado a fez com que seus dedos começassem a se mexer (mesmo com artrose) e iniciar uma simples correntinha de crochê. Cada dia foi um desafio para ela, vencer a morte espiritual não estava sendo fácil. Suas filhas e netos insistiram para que ela continuasse, até que surgiu o primeiro quadrinho de crochê depois de 12 anos sem fazer nem um pontinho.

Ela se admirou com seu pequeno grande feito e procurou fazer mais, a cada ponto feito ela se sentia motivada a fazer mais.

Ela sentia que Deus estava falando com ela através das cores e das pessoas que voltavam a se aproximar dela, visto que agora o assunto das conversas estava mais agradável. Uma irmã de sangue a presenteou com mais lãs coloridas e assim os quadrinhos foram aparecendo e hoje ela relata que suas mãos trabalham sozinhas.

Entusiasmada com essa superação, ela mesmo saiu de casa para ir ao armarinho comprar sua lã e iniciou algo mais ousado, uma manta para um bebezinho que ficará mais aquecido, assim como está sua alma acolhida e aquecida por Jesus.

Esse foi o testemunho de uma mulher guerreira que de repente se viu adormecida, mas como Deus a tirou da caverna escura e a trouxe de volta para luz que é a vida.

Hoje essa mulher tem a idade da nossa revista, na qual tenho orgulho de chamar de Laudicéia Meireles, minha mãe.


Elizabeth Meireles